Comer barro: uma tradição antiga com benefícios e riscos
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Desde tempos imemoriais, a humanidade tem uma relação peculiar com a terra que pisa. Para além de a cultivar ou de construir sobre ela, em várias culturas do mundo, as pessoas têm consumido barro. Mas porque é que alguém quereria comer terra? E quais são os riscos envolvidos neste costume antigo?
Geofagia: O hábito de comer argila
O consumo de argila, também conhecido como geofagia, é uma prática que tem existido em muitas culturas ao longo da história e em várias partes do mundo. Um tipo muito comum de mineral ingerido é o calabachop, pedras de dureza muito baixa e com alto teor de caulinita.
Porque é que se come barro:
- Propriedades desintoxicantes: Acredita-se que certos tipos de argila podem ajudar a desintoxicar o corpo, absorvendo toxinas, metais pesados e bactérias nocivas.
- Suplementação de minerais: A argila pode ser uma fonte de minerais essenciais como o ferro, o cálcio e o zinco.
- Ajuda a digerir: Algumas pessoas acreditam que a argila pode ajudar a aliviar problemas digestivos, como azia e síndrome do intestino irritável.
- Proteção contra toxinas: Em algumas culturas, a argila é consumida juntamente com alimentos que podem conter toxinas. Pensa-se que a argila pode neutralizar ou reduzir a absorção destas toxinas pelo organismo.
- Costumes culturais e tradicionais: Em algumas culturas, comer barro é uma tradição que tem sido transmitida de geração em geração. Pode estar associado a rituais, práticas espirituais ou crenças sobre saúde e bem-estar.
- Desejos durante a gravidez: Algumas mulheres grávidas sentem desejos por substâncias não alimentares, como argila e giz. Isto é conhecido como pica e, embora as causas exactas não sejam claras, pode estar relacionado com deficiências nutricionais.
- Propriedades antidiarreicas: Em algumas regiões, a argila tem sido utilizada para tratar a diarreia.
- Aspectos psicológicos: Em alguns casos, o consumo de argila pode estar relacionado com perturbações psicológicas ou emocionais.
Curiosidade:
Uma das histórias mais fascinantes relacionadas com o consumo de barro vem da região amazónica. Diz-se que as tribos locais consomem argila juntamente com certos frutos que, embora nutritivos, contêm toxinas. A argila actua como um neutralizador, permitindo que as pessoas desfrutem dos frutos sem sofrerem os efeitos tóxicos.
Riscos da ingestão de argila
É importante notar que nem todas as argilas são seguras para consumo. Algumas podem conter impurezas ou níveis tóxicos de determinados minerais. Além disso, o consumo excessivo pode levar a bloqueios intestinais ou a deficiências nutricionais, uma vez que a argila pode inibir a absorção de nutrientes.
Conclusão
Tal como acontece com muitas práticas antigas, o ato de comer barro é um lembrete da complexa relação entre os seres humanos e a natureza. Embora possa haver benefícios associados, é essencial estar ciente dos riscos e consultar um profissional de saúde antes de te aventurares nesta tradição antiga. Afinal, o que funcionou para os nossos antepassados num contexto específico não é necessariamente apropriado para o mundo moderno.
Autor: Alfred Guinaroan
Escultor, ceramista, escritor
Modelar e criar a partir da infinidade da matéria-prima cativou-me desde a infância, há alguns anos atrás, numa pequena aldeia de montanha em Barcelona. Os meus pais não são espanhóis, mas apaixonaram-se pela beleza da zona e lá tive a sorte de crescer rodeado pela natureza.
Eu estou envolvido no mundo da escultura e do trabalho de cerâmica há mais de dez anos.
A arte é a minha paixão. Apreciá-la e difundi-la é a minha vocação.